S.B.C., segunda-feira, 01 de Junho de 2020

Bom, o que dizer... pensei em voltar a escrever. Para ninguém ler (sei bem que leitura é uma coisa anacrônica e do passado). Hoje a galera gosta de imagens, fotos, Facebook, Instagram e afins.
Ainda sinto necessidade de escrever. Pode ser uma certa forma de fazer uma auto-análise, ser um pouco o meu próprio psicanalista. Não penso em escrever para uma audiência, e nem quero guardar qualquer segredo meu comigo mesmo. Então, nada melhor do que utilizar este velho espaço cheio de poeira digital e fazer uso dele novamente.
E farei isso por meio de uma escrita em formato de diário. Não que eu escreva diariamente... porém, quero uma escrita que flua como uma conversa, muito limpa, muito leve, direta. Algo como se fosse eu comigo mesmo. Ao passo que, muitas vezes, posso escrever querendo chamar a atenção de muitos.
E uma coisa que eu gostaria que cortasse como faca é o que sinto sobre o nosso Brasil dos dias atuais. Só tenho uma coisa para dizer e isso, tecnicamente, não me polariza politicamente: caímos nas mãos do fascismo. Aqui a cadela do fascismo deu cria a muito tempo e seus filhotes estão se reproduzindo.
Se eu digo isso sobre a família Bolsonaro? Eles são apenas a espuma da história e a presidência do Brasil "caiu" no colo do atual presidente, democraticamente eleito, diga-se de passagem. Porém, com muitas notícias falsas e manobras muito inteligentes realizadas nas redes sociais.
Não aponto o dedo e nem os puno por isso. Eles convenceram mais de 57 milhões de brasileiros e só colocaram fake-news nos celulares, coisa que era feita por meio da televisão e do rádio por quase um século inteiro.
O que me preocupa é que a política está intimamente ligada ao sub-consciente e à moral das pessoas. Se uma pessoa vota em um candidato violento, existe algo deste candidato nesta pessoa. A política de um país é o retrato do povo deste país e Bolsonaro não seria uma figura que se encaixa tão bem nesta face de parte do povo brasileiro.
Ele sempre esteve do lado da violência militar, nunca se propôs a dialogar sobre absolutamente nada, apenas defendeu sua posição, sempre esteve confuso se era evangélico ou católico, sempre gostou de "ir com o time que sempre ganha" em muitas questões, sempre foi avesso ao trabalho, vide sua história de vida, tanto que pouquíssimo fez enquanto deputado, senão, gerar polêmicas.
É o retrato daquele famoso "tiozão do churrasco", o "tiozão do pavê", a tia que acha que bater resolve, a vizinha que acha que bandido bom, é bandido morto... enfim, todos nós conhecemos estes perfis, e, foram pessoas assim que elegeram Bolsonaro. De acordo com as estatísticas mais recentes, a maioria já está arrependida. Porém, o Bolsonarismo se tornou uma espécie de 'pensamento político', ideologia, uma espécie de integralismo enrustido, emburrecido e muito maquiado.
Estou muito triste, de verdade.
Caímos nas garras de uma política da pior espécie. Uma política que não é cidadã. Que não só omite, mas, mente, oculta, falsifica e apoia o crime, este, se estiver ao lado deles. Perdoe-me se acredita que a cocaína no avião presidencial foi uma coincidência, se o envolvimento com a milícia não existe, se Flávio Bolsonaro é inocente. Me perdoe. Se o altíssimo valor no cartão corporativo, o discurso papagaiesco a la Trump, a retórica do escapismo, o insulto à imprensa, o histórico de funcionários fantasmas, o alto gasto com combustível apenas para maximizar os recebíveis de deputado, se nada disso te indigna, você está cego e surdo. Porque a covardia é surda e a loucura, a violência, nos cega.
Vamos pensar no seguinte: imagine se o Doutor Enéas Ferreira Carneiro visse um ser como Bolsonaro ganhar tanto poder político assim, o que ele diria? E os Bolsonaro cansaram-se de usar o nome do Dr. Enéas para se promover nos períodos de campanha. Sempre achei Enéas, no mínimo, honesto. Já Bolsonaro, este teve o repúdio de políticos até da própria ditadura, como Jarbas Passarinho... é um ser abjeto, que não agrega nada, apenas subtrai, negativa, toma para si, encinzenta, empedra.
Me deixa triste não ter mais por perto os meus amigos que se perderam nessa ideologia, e, arrependidos, não perdem o orgulho e não falam mais conosco.
Me deixa triste o fato do povo não ter anulado o voto. Tudo bem não escolher o professor porque ele é do Partido dos Trabalhadores. Mas, votar em um esqueiro da ditadura, um polêmico, uma pessoa que soube sempre manter os seus eleitores sendo coerente com valores nefastos e um discurso de ódio... não entendo. E ele ganhou justamente por isso: soube flertar com os religiosos, parte do centro e os perdedores do primeiro turno e, ainda assim, manter o seu discurso. Nisso o admiro, até a parte de que, economicamente, mudou tudo o que pregava e entrou em simbiose com tudo o que existe de pior na economia: o neoliberalismo, na figura do atual Ministro Paulo Guedes.
Como cidadão brasileiro, mesmo não tendo sido eleitor do Bolsonaro, tendo campanhado contra ele, saído às ruas por #ELENÃO eu esperava que desse certo.
Pior do que está pode ficar. Precisamos sopesar melhor o nosso valioso voto.
Está com dúvidas? Medo? Não quer carregar o peso de ter apoiado um criminoso? Vote nulo! Não sustente os parasitas! Não alimente a um sistema podre! Não alimente a uma democracia que te deixa sem opções. Não promova idiotas.

De antemão, peço desculpas se ofendi algo ou alguém com este post. Me reservo aos meus direitos individuais, dentre eles, o direito à Liberdade de Expressão.

Bom, desabafei. Me fez bem.

#bolsonaro #Brasil #2020 #política

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