O Fascismo Nosso de Cada Dia
Há alguns dias atrás, ainda nessa semana, escrevi sobre nosso atual presidente eleito, Jair Bolsonaro. Complementando o que eu disse, neste post, quero falar de um problema endêmico da sociedade brasileira: o fascismo.
No inconsciente coletivo do brasileiro comum ele sempre imagina que haverá um salvador, um grande presidente, um grande "resolvedor dos problemas da sociedade brasileira", um grande pai da nação. Primeiro: nosso Estado não é nação (explicarei isso em um outro post). Segundo: o fascismo não tem lado. Ele pode surgir a partir de um grupo de esquerda ou de um grupo de direita.
Penso que nosso sentimento por um grande "pai"da nação começou com Dom Pedro I e sua figura foi sempre sendo, de certa forma, refletida nos líderes que o sucederam.
Não há como não lembrar do nosso mais famoso fascista, Getúlio Vargas, que, de certa forma, trouxe progresso para o Brasil e grandes progressos na economia e em diversos outros setores da sociedade. Ao passo que há quem diga que a ditadura da era Vargas foi muito mais sangrenta do que a ditadura que vivemos a partir de 1964.
Vargas é frequentemente lembrado: seu nome estampa diversos locais e avenidas importantes, sem contar a FGV.
Não só Vargas, mas diversos generais são lembrados.
Vargas merece tal notabilidade? Em minha visão, óbvio que não!
É claro que romantizaram muito a morte de Vargas e penso que ele realmente não foi o corrupto que pintaram na época. Suicidou-se... e muitos o valorizam por isso, quando deveria ser o contrário, ele deveria ter enfrentado de frente o que viesse. Mas, remanesceu no inconsciente coletivo como líder forte, progressista e de pulso firme. Ainda falarei em um outro post sobre a figura de Vargas. O que quero dizer aqui é que é este reflexo que o Brasil tenta encontrar em um presidente: o reflexo de um populista que fez algo por todos, ricos e pobres.
Gosto muito de Lula, mas, penso que um grande erro da política lulopetista foi este: centralizar tudo em Lula e fazer dele o "grande" pai do Brasil. Que é o que tentaram e tentam fazer com Bolsonaro, porém, este não tem habilidade política e background para alcançar tamanha importância.
Concordo com Demétrio Magnoli quando este diz que o lulopetismo foi conservador justamente por este feito.
Lula gerou tanto otimismo e tanta importância que elegeu Dilma, uma grande mulher, mas com poucas habilidades políticas e de liderança, não soube sustentar o legado.
E sou otimista em dizer que é bem provável que Lula ainda eleja mais alguém. Talvez Fernando Haddad, talvez Flávio Dino, talvez Eduardo Cardoso...
Penso que isso não é de todo mal porque Lula vem respeitando as regras democráticas, faz isso por meio do voto limpo e honesto, sem fake news, se mantém como cabo eleitoral de peso, e, diga-se de passagem, que peso.
Mas, pensemos: precisamos de salvadores como Lula para nos dizer em quem votar? Precisamos de cabos eleitorais? Precisamos de pessoas como Jair Bolsonaro para apenas falacear que é um grande líder quando não tem nenhuma herança histórica que suporte isso?
Chegamos a um ponto que o nosso problema de "achar um herói" tem duas faces: uma é Lula e outra é Bolsonaro.
Lula soube resgatar um pouco do prestígio econômico da era Vargas. Já Bolsonaro surgiu do ódio ao Lula. Ódio porque o pobre nunca pode andar de avião, nunca pode ter um carro zero, uma residência sua, ir para a universidade, ter uma oportunidade, seja com o bolsa família ou com o aumento da oferta de empregos. E Bolsonaro não tem conseguido sustentar o fardo, ainda mais em meio a uma inesperada pandemia, que o faz perder totalmente a noção do que é governar e do que é uma democracia.
Todo brasileiro é um pouco fascista porque sempre temos um grande herói em mente. Cobiçamos, invejamos os americanos, e tentamos, de uma forma desordenada e tacanha, reproduzir o nacionalismo que existe lá, aqui.
Lembremos: americanos são saem para fazer manifestações com camisetas de futebol, que é um esporte tomado pela corrupção, inclusive a própria CBF não tem um histórico bom, diga-se de passagem.
Sejamos republicanos e democratas (é possível).
Que Lula seja lembrado, mas não idolatrado. Que Bolsonaro pague pelos crimes que cometeu e se for provado que sua chapa subiu com promoção sistemática de fakenews, que pague o preço disso. Justiça não é só julgar, Justiça é permitir que haja Justiça, permitir que tudo seja apurado, investigado e explicado.
Deixemos nosso fascismo de cada dia na lata do lixo onde colocamos as nossas ignorâncias.
No inconsciente coletivo do brasileiro comum ele sempre imagina que haverá um salvador, um grande presidente, um grande "resolvedor dos problemas da sociedade brasileira", um grande pai da nação. Primeiro: nosso Estado não é nação (explicarei isso em um outro post). Segundo: o fascismo não tem lado. Ele pode surgir a partir de um grupo de esquerda ou de um grupo de direita.
Penso que nosso sentimento por um grande "pai"da nação começou com Dom Pedro I e sua figura foi sempre sendo, de certa forma, refletida nos líderes que o sucederam.
Não há como não lembrar do nosso mais famoso fascista, Getúlio Vargas, que, de certa forma, trouxe progresso para o Brasil e grandes progressos na economia e em diversos outros setores da sociedade. Ao passo que há quem diga que a ditadura da era Vargas foi muito mais sangrenta do que a ditadura que vivemos a partir de 1964.
Vargas é frequentemente lembrado: seu nome estampa diversos locais e avenidas importantes, sem contar a FGV.
Não só Vargas, mas diversos generais são lembrados.
Vargas merece tal notabilidade? Em minha visão, óbvio que não!
É claro que romantizaram muito a morte de Vargas e penso que ele realmente não foi o corrupto que pintaram na época. Suicidou-se... e muitos o valorizam por isso, quando deveria ser o contrário, ele deveria ter enfrentado de frente o que viesse. Mas, remanesceu no inconsciente coletivo como líder forte, progressista e de pulso firme. Ainda falarei em um outro post sobre a figura de Vargas. O que quero dizer aqui é que é este reflexo que o Brasil tenta encontrar em um presidente: o reflexo de um populista que fez algo por todos, ricos e pobres.
Gosto muito de Lula, mas, penso que um grande erro da política lulopetista foi este: centralizar tudo em Lula e fazer dele o "grande" pai do Brasil. Que é o que tentaram e tentam fazer com Bolsonaro, porém, este não tem habilidade política e background para alcançar tamanha importância.
Concordo com Demétrio Magnoli quando este diz que o lulopetismo foi conservador justamente por este feito.
Lula gerou tanto otimismo e tanta importância que elegeu Dilma, uma grande mulher, mas com poucas habilidades políticas e de liderança, não soube sustentar o legado.
E sou otimista em dizer que é bem provável que Lula ainda eleja mais alguém. Talvez Fernando Haddad, talvez Flávio Dino, talvez Eduardo Cardoso...
Penso que isso não é de todo mal porque Lula vem respeitando as regras democráticas, faz isso por meio do voto limpo e honesto, sem fake news, se mantém como cabo eleitoral de peso, e, diga-se de passagem, que peso.
Mas, pensemos: precisamos de salvadores como Lula para nos dizer em quem votar? Precisamos de cabos eleitorais? Precisamos de pessoas como Jair Bolsonaro para apenas falacear que é um grande líder quando não tem nenhuma herança histórica que suporte isso?
Chegamos a um ponto que o nosso problema de "achar um herói" tem duas faces: uma é Lula e outra é Bolsonaro.
Lula soube resgatar um pouco do prestígio econômico da era Vargas. Já Bolsonaro surgiu do ódio ao Lula. Ódio porque o pobre nunca pode andar de avião, nunca pode ter um carro zero, uma residência sua, ir para a universidade, ter uma oportunidade, seja com o bolsa família ou com o aumento da oferta de empregos. E Bolsonaro não tem conseguido sustentar o fardo, ainda mais em meio a uma inesperada pandemia, que o faz perder totalmente a noção do que é governar e do que é uma democracia.
Todo brasileiro é um pouco fascista porque sempre temos um grande herói em mente. Cobiçamos, invejamos os americanos, e tentamos, de uma forma desordenada e tacanha, reproduzir o nacionalismo que existe lá, aqui.
Lembremos: americanos são saem para fazer manifestações com camisetas de futebol, que é um esporte tomado pela corrupção, inclusive a própria CBF não tem um histórico bom, diga-se de passagem.
Sejamos republicanos e democratas (é possível).
Que Lula seja lembrado, mas não idolatrado. Que Bolsonaro pague pelos crimes que cometeu e se for provado que sua chapa subiu com promoção sistemática de fakenews, que pague o preço disso. Justiça não é só julgar, Justiça é permitir que haja Justiça, permitir que tudo seja apurado, investigado e explicado.
Deixemos nosso fascismo de cada dia na lata do lixo onde colocamos as nossas ignorâncias.
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