Por quê tanto preconceito com o VHS?

Como muitos, ainda tenho um equipamento de vídeo-cassete em casa. Inútil. Não utilizamos para nada, nem como relógio (que bom que eu lembrei que existe essa possibilidade). Não me esqueço de quando eu gravava os episódios dos Simpsons para assistir quando voltava do colégio, quando passava Smallville aos domingos e sempre gravava por cima da mesma fita, quando programava o vídeo para gravar algum programa de noite ou durante o horário da novela, que a minha mãe não podia deixar de assistir. Achava fantástico aquela máquina ligando sozinha! Parecia que ia levantar voo, quando no final da fita ele rebobinava-a automaticamente.
Tudo isso em um vídeo-cassete de 4 cabeças, simples. Quando pude ter um vídeo de 7 cabeças com todas aquelas histórias que só quem conhece VHS sabe, o DVD já estava popularizado, inclusive a pirataria de DVD´s. Iniciou-se a decadência do VHS na minha casa.
Ir nas vídeo-locadoras era um passatempo fantástico também! Principalmente porque não tínhamos Internet, e conversávamos mais com as pessoas sobre filmes, sem consultar nenhum site antes. No máximo uma revista sobre o assunto. Me lembro do Giba da GM Vídeo, que sempre dava dicas excelentes (uma vez fui entregar uns filmes e presenciei até dicas de filmes pornô, kkkk). Locadoras eram ambientes legais.
Em 1995 fui na vídeo-locadora com os meus vizinhos alugar Jumanji, lançamento na época, e vi aquela capa em 3D, com efeito lenticular na embalagem. Tinha 6 ou 7 anos na época, e pirei com aquilo. Nunca vi uma capa de DVD ou Blu-Ray com este tipo de encarte. Como esta tudo maximizando o lucro, não pensam na experiência do cliente como deveriam.

                 
 Imagens encontradas em: http://bjc.uol.com.br/2013/05/13/vhs-que-nao-se-ve-por-ai-jumanji-vhs-brasil/

Tinha um livro de eletrônica da década de 1980 em casa, e via aqueles equipamentos da Sony, padrão Betamax, e a curiosidade me aguçou. Com o tempo descobri algumas coisas sobre o padrão Betamax, e mesmo com as grandes campanhas de publicidade da Sony, o padrão perdeu a batalha contra o VHS, mesmo tecnicamente tendo qualidade superior (os equipamentos Betamax utilizam a mesma base das câmeras Betacam, amplamente utilizadas em emissoras de TV e gravações profissionais).

Propaganda nacional da Sony com a atriz e modelo Maitê Proença
No final dos anos 80 e início dos 90 o Brasil foi inundado por equipamentos de VHS importados, geralmente contrabandeados do Paraguai por "sacoleiros" (meu pai fez muito isso), e marcas como Panasonic, Mitsubishi e Sharp, contrárias a Sony e adeptas do padrão VHS da JVC, tomaram o mercado brasileiro. Além deste fato, o VHS teve uma grande vantagem sob o Betamax: O Betamax possuía originalmente um tempo de gravação de 1 hora por fita que após a chegada de concorrentes passou a 2 horas por fita. Já o VHS pode chegar a 4 horas de gravação. Tremenda diferença! Siginifica gravar até 5 episódios de uma novela em apenas uma fita! Para o brasileiro isso era extremamente relevante.

Por quê esquecemos do VHS desta maneira? Confiamos tanto na internet com seu compartilhamento de vídeos, na repetição das programações, nos equipamentos de gravação modernos (ex.: LG Time Machine), que perdemos muitos programas, entrevistas, etc. por perca do hábito. O que temos de materiais preciosíssimos postados no YouTube que foram salvos graças ao VHS são muitos! A maioria dos vídeos de entrevistas do Raul Seixas e do Legião Urbana, por exemplo, foram salvos por conta do VHS.

Cadê o substituto do VHS? DVD-Recorder? Blu-Ray-Recorder? HD-DVR? Por quê ninguém têm?

Precisamos de um substituto às alturas do VHS com as qualidades de alta-resolução e som multi-canais de hoje! Enquanto não tivermos essa alternativa, sem insultos aos nossos velhos equipamentos de VHS "inúteis", ainda guardados por saldosismo por caras (loucos) como eu! [kkkk]

Se as emissoras tornassem seu conteúdo domínio público ajudaria, já que foi exibido em rede nacional, nada mais justo!

Um abraço.

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