Análise do curta "Xadrez das Cores"


Link para o curta no site 'PortaCurtas.org.br':
http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_xadrez_das_cores

Enunciado da atividade:
:) Olá, alunos.

Para essa aula, vamos visitar novamente o portacurtas.org e assistir ao vídeo "O xadrez das Cores":  portacurtas.org.br/filme/

Audacioso e provocante, o filme O Xadrez das Cores traz uma história densa, que se desenvolve como um jogo de xadrez. A temática séria e profunda fala da discriminação racial. Após assistir ao curta, considere a colocação a seguir:
"Pela educação pode-se combater, no plano das atitudes, a discriminação manifestada em gestos, comportamentos e palavras, que afasta e estigmatiza grupos sociais. Contudo, ao mesmo tempo em que não se aceita que permaneça a atual situação, da qual a escola é cúmplice ainda que só por omissão, não se pode esquecer que esses problemas não são essencialmente do âmbito comportamental, individual, mas das relações sociais, e que como elas têm história e permanência. O que se coloca para a escola é o desafio de criar outras formas de relação social e interpessoal, por meio da interação o trabalho educativo escolar e as questões sociais, posicionando-se crítica e responsavelmente diante delas". (PCN Pluralidade cultural, p23 e 24)
O Xadrez das cores trata sobre a discriminação, na relação social. Cida está em prejuízo em sua vida e, por dinheiro, precisa se sujeitar a situações degradantes protagonizadas por sua patroa branca e racista. O aprendizado que tivemos na escola é de uma versão sem conflitos, como se os negros tivessem aceitado a condição de trato sub-humana a que eram submetidos. O ensino de História avançou e, hoje temos contato com uma visão mais
contextualizada e menos romanceada da participação dos negros na História e os reflexos dessa construção histórica nos dias atuais.

O Xadrez das Cores é um filme que nos incomoda, é impossível manter-se distante da tensão das personagens. A forma como a história é construída nos convida a participar do enredo. Vamos tomando parte do jogo. A alusão ao jogo de xadrez é outro elemento intrigante, esse é um jogo de raciocínio. Está feito o convite à reflexão: para combater a discriminação, de forma geral, é preciso pensar, refletir, entender as raízes do preconceito. O conhecimento sobre essas raízes pode ser conquistado e assim como faz a personagem Cida, é preciso virar o jogo. As personagens do filme apresentam-se como forças contrárias: rico e pobre, o branco, o negro, a patroa, a empregada. Apesar da relação contrária existente, ambas possuem em comum a força, a determinação. Maria insiste em oprimir, Cida aceita por causa da necessidade da situação, mas utiliza-se do tabuleiro do xadrez para conhecer sua oponente. Não se satisfaz com suas derrotas. Apesar de ver suas peças negras sendo jogadas no lixo prazerosamente por sua patroa, estuda a adversária, busca um conhecimento que não tem. Uma das mais belas lições do filme é a negação do conformismo, da busca pelo conhecimento para a transformação dos fatos. É alquimia do conhecimento. O jogo de xadrez é outra bela simbologia... Tem os peões, o rei, a rainha, o movimento das peças... O objetivo do jogo é que cada jogador coloque o rei adversário "sob ataque", de tal forma que o adversário não tenha lance legal a evitar a "captura" de seu rei no lance seguinte. É um jogo de raciocínio, de inteligência, no qual o tabuleiro é o palco em que os personagens vão mostrando suas habilidades, que são conquistadas a cada movimento, a cada jogada. Como o ser humano que se desenvolve, não nasce pronto, mas vive suas escolhas. A forma como conduzimos nossas vidas indica o quanto iremos evoluir.Cida, representante da classe mais excluída de nossa sociedade, deixa-nos a vontade de persistir, de mudar, de levar o jogo, o lúdico, o envolvimento aonde só havia esquecimento. Está feito um convite: faça uma narrativa contando a história de uma personagem que fez história com sua luta e persistência, garantindo espaço de diversidade e respeito. Esta atividade deve ser entregue no campo de tarefas: Entrega da tarefa: Aula Virtual 5, até dia 26/09/14.

Atenção: informações importantes sobre o texto narrativo: Narrar é contar uma história, que pode ser real ou imaginária, fictícia e deve envolver personagens, que interagem entre si gerando acontecimentos, que ocorrem em um determinado lugar e em uma determinada época e com uso de verbos de ação.
Para organizar seu texto, siga as dicas:
Qual fato ou acontecimento será narrado?
Quando ele ocorreu ou ocorrerá?
Onde tudo acontece?
Quais são os personagens?
Por que o fato aconteceu?
Como ele ocorreu?
Quais as suas consequências?
O narrador participa da história?
Responder a estas questões deve ajudar a caracterizar e desenvolver os seguintes elementos, que devem estar presentes na narrativa:
narrador
personagem
enredo
tempo
espaço
Boa produção!!!
Um abraço virtual,
Prof. Patrícia Sosa (Pati).

POSTAREI O MEU TEXTO DEPOIS DA ANÁLISE DA PROFESSORA, SE NÃO ELA PODE GOOGLEÁ-LO E CHEGAR ATÉ O BLOG.

Um Soldado “Comum”
Em meados dos anos 60, Otávio vivia com os seus pais e suas irmãs em uma boa casa, em
uma vizinhança pacata e tranquila. Otávio frequentava a escola normalmente e brincava com
os seus amigos na rua, assim como todas as outras crianças do bairro. A infância naquele
lugar era realmente mágica, lúdica e emancipadora. Todos acompanhavam uns aos outros, e
as vitórias e derrotas eram compartilhadas entre os grandes-pequenos: divórcios, notas
vermelhas, joelhos ralados, discussões entre os vizinhos e muitas outras situações.
Infelizmente, a família de Otávio passou por graves problemas financeiros, e durante a
segunda metade dos anos 60 a sua família foi obrigada a mudar completamente de vida.
Otávio, com 11 anos de idade, não entendia o que estava acontecendo. O medo, a dúvida e a
insegurança tomaram conta, e o garoto Otávio não sabia como seria o futuro de sua família.
A família de Otávio vendeu seu imóvel e pagou as dívidas. Mudaram-se para uma casa muito
apertada e cheia de problemas. A vizinhança era também muito diferente, com crianças que
não podiam brincar na rua, dado o grande movimento de veículos da via. Sem contar a
criminalidade, que estava sempre à vista.
Logo após a mudança, Otávio perguntou para o seu pai:
- Por que viemos para cá papai?
O pai de Otávio responde:
- Foi o que o dinheiro da gente pode comprar meu filho. E nós vamos em frente!
Otávio estava indignado, e não podia fazer nada, a não ser continuar vivendo. As coisas
estavam tão ruins que não havia dinheiro nem para que a mãe de Otávio comprasse material
escolar para ele e suas irmãs. Sua casa era uma das piores do quarteirão, e não tinha mais
nenhum amigo como os que deixou. As refeições também já não eram mais como as de antes.
Na escola, Otávio era extremamente vilipendiado pelos colegas de turma, pela sua classe, sua
cor, sua postura calada, sua casa, suas roupas e por sempre ficar contando o seu ‘passado’
recente. Seu pai o motivava:
- “Filho, pra trás só se for pra pegar impulso!”.
O tempo passou, as coisas mudaram, o ensino fundamental acabou, o ginásio estava na reta
final, e aquele “ar” de preconceito que existia quando o garoto era menor já não existia mais.
Mas para Otávio não. Tudo aquilo deixou feridas abertas e mal cicatrizadas no rapaz, que
precisou trabalhar isso, para que ele não se perdesse nas suas próprias ideias, e não se
transformasse em um preconceituoso, como aqueles que sempre o diminuíram durante a sua
infância e adolescência.
O caminho da meritocracia foi seguido por Otávio. Estudou, bacharelou-se, especializou-se, e
conquistou um posto no mercado de trabalho. Mesmo assim, Otávio percebeu que o
preconceito continuava a existir, a segregação oculta e silenciosa de colegas de trabalho com
os outros, o preconceito. O país passava por grandes mudanças, e mesmo com a diminuição
da repressão policial e a menor coerção dos meios de comunicação, as coisas não mudaram
muito, e era fácil se ver alguém apontando o dedo sob o outro.
O rapaz se sentia incomodado com o preconceito alheio, e defendia as causas das quais ele
achava injustas. Negros, pobres, homossexuais e pessoas com necessidades especiais eram
sempre amparadas pelo moço em seu ambiente de trabalho. Tanto, que recebeu o apelido de
“padrinho”. Otávio era respeitado, mas amado e odiado por muitos. O ódio partia
principalmente dos patrões.
O tempo negro veio, e Otávio foi demitido de seu trabalho, junto com tantos outros que ele
tanto ajudou a defender. Otávio processou a companhia em que trabalhou, tentou encontrar um
emprego similar, e até encontrou, mas não em um ambiente que permitia que a sua
virtuosidade viesse à tona, já estava difamado, “queimado” em seu meio profissional,
provavelmente por seus ex-patrões. Decidiu lecionar, mas o salário não era nem a metade do
que ganhara como funcionário.
As necessidades vieram novamente à vida de Otávio, que já era pai. Agora, o moço, já um pai
de família, percebeu que quem chorava as noites já não era mais o seu pai, mas ele mesmo,
sem conseguir se libertar e ganhar a vida como antes, procurando uma saída.
Otávio foi “comendo pelas beiradas”. As lágrimas ficavam em casa, escondidas de todos, e
com dificuldade, da esposa e de seu filho. Arrumou um emprego como vendedor, durante o
horário comercial, e leciona no período noturno, em curso técnico.
As vendas não iam bem, mas a perseverança nunca deixava de existir. Era nos bancos do
metrô e dos ônibus coletivos que o Sr. Otávio lia, estudava, e se libertava, com temas de seu
interesse, todos ligados a sua virtude de se doar aos outros. Virtude essa que o tirou de um
mercado muito bom, mas que, aos poucos, estava encaixando-o em um futuro de surpresas e
vitórias. As coisas se normalizaram, mas sempre Otávio tinha a sensação de que “lhe faltava
algo”.
Depois de alguns anos na área de vendas, já no início dos anos 90, Otávio decidiu que não
gostaria de passar o resto de sua vida “invadindo” a privacidade dos outros vendendo
máquinas, que já não eram mais as mesmas, e estavam começando a ser importadas da
China. Não havia mais sentido continuar fazendo aquilo, já achava uma falta de respeito
generalizada, mesmo o lucro sendo maior, abandonou aquilo, e nunca mais vendeu nenhuma
camisa.
As aulas do mestre Otávio nunca eram apenas técnicas, de ‘pura engenharia’. Sempre existia o
ensino da essência da técnica, da revolução que uma nova tecnologia chegou a causar e, para
o mestre, o principal: a função social daquele conhecimento. As coisas maravilhosamente boas
e as coisas altamente tiranas que poderiam fazer com aquele saber. Deixava claro que, para se
desenvolver um novo combustível ou uma poderosa bomba, os caminhos eram muito
parecidos. A nuvem da ética pairava sob as cabeças dos alunos durante as aulas do mestre,
que passou a ser muito elogiado e a ganhar mais espaço na universidade, que era particular, e
cheia de alunos que ingressavam em um curso superior apenas pelo retorno financeiro que o
diploma iria proporcionar.
Havia a possibilidade de ingressar no ensino público por intermédio de um concurso. Otávio
tinha a experiência profissional necessária, mas apenas a sua graduação não era suficiente, e,
mesmo que passasse no próximo concurso público, existia a possibilidade de não tomar posse
de sua função como docente, por justamente não possuir uma formação mais densa no meio
acadêmico.
Mesmo com a probabilidade de ter se esforçado em vão, o professor colocou o seu plano em
prática. O único meio de realizar o seu sonho era tentar aquele concurso. Passou e pode
empossar o cargo.
Lecionar no ensino público não era muito diferente de lecionar no ensino privado, foi o que o
professor percebeu depois de pouco tempo em aula. Os alunos tinham mais base fundamental,
porque o vestibular é mais difícil e as vagas são mais disputadas, além de muitos alunos serem
de excelentes colégios, sendo na maioria particulares. Para Otávio, isso tornava o ensino
público ainda menos democrático. Os objetivos finais continuavam os mesmos, “conseguir um
diploma para ganhar dinheiro”, e essa ideia muitas vezes tinha sido colocada na cabeça dos
alunos desde que estes ainda eram crianças. Confortava o professor Otávio a ideia de que os
alunos não tinham culpa dessa “pré-disposição para a ganância e o poder”.
Uma proposta para se especializar no exterior, com 50% do curso pago, surgiu. As contas
apertaram novamente, mas para fora do Brasil seguiu Otávio, sozinho, não sabendo falar
nenhuma outra língua além do português brasileiro.
Otávio viu o preconceito reinar novamente, pela falta do idioma e pela sua condição de
estrangeiro. Foi apenas mais “lenha na fogueira” daquele homem de já mais de meia idade.
Otávio se dedicou, saiu às ruas e, com as pessoas mais simples daquele lugar completamente
diferente de sua terra natal aprendeu como um nativo o idioma, pedindo o café da manhã e
conversando com cada um que lhe desse ouvidos, além de suas ávidas leituras de seu curso
de mestrado, e logo depois, doutorado.
Quase quatro anos se passaram, e a saudade da esposa e de seu casal de filhos já era
insuportável, assim como a saudade das salas de aula.
Voltou ao seu posto familiar e também a sua função social: seu apaixonante trabalho de
professor ‘padrinho’, que passou a ser muito elogiado e premiado no meio acadêmico,
lecionando em universidade pública no período diurno e em universidade privada em algumas
noites da semana.
Seus alunos foram se formando e alcançando altos cargos de liderança em importantes
empresas multinacionais. Com isso, o professor passou a ser lembrado também como um
grande exemplo de perseverança e criação de verdadeiras lideranças, sendo convidado para
ministrar palestras em diversos lugares do país, sempre empossado de seu discurso sobre a
ética, o desenvolvimento do caráter e a emancipação das pessoas.
- “Não queremos uma sociedade de líderes dos outros! Queremos uma sociedade de líderes de
si mesmos! Não basta termos ‘batedores de martelo’ lucrativos e profissionais! Precisamos dar
condição para que todos conheçam a sua virtude, e que dela façam o melhor para o bem de
todos! A inovação parte deste pressuposto, de gastarmos o nosso tempo de vida para amar e
mudar as coisas, e não para enchermos os bolsos de dinheiro, principalmente os bolsos dos
outros! A consequência disso não é apenas financeira, é a de uma mente tão saudável, quieta
e tranquila que os sabores nunca mais serão os mesmos! Tudo sempre é instigante e melhor!
Tudo é novo, e o novo sempre vem! Persigam, sejam famintos!”.
Não se sabe se o mestre Otávio realmente ganhou dinheiro com as suas palestras. Seu padrão
de vida sempre foi modesto, e depois de muitos problemas, estável, principalmente por conta
de ser cargo público.
Hoje, Otávio continua lecionando, agora como livre docente, ajudando ainda mais a
desenvolver profissionais que querem emancipar a quem seja próximo, e, em meio a este país
de tanto desconhecimento e falta de fomento a educação, despertar nos futuros líderes uma
ideia de que a solidariedade pode ser a nossa única saída, pois até a perseverança e a
“vontade pela vida”, a “vontade pela batalha” necessita de um impulso oficial.
- “Ao invés de dar a vida pelos outros, ou de desafiar os meus antigos patrões fisicamente,
sempre escolhi o caminho da razão. Por quê? Simplesmente não sei. Talvez seja a minha
virtude. Percebi que dar a vida pelos seus não significa apenas ‘morrer’ pelo outro, mas viver
por si e para todos, fazendo algo para o bem de todos. Eu não deixei de ser o garoto com o
joelho ralado, o quieto da sala de aula no colégio, o filho, o pai, e até mesmo o vendedor. O

importante é que eu sempre fui eu mesmo, por mais difícil que isso possa ter sido para mim”.



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