Sobre Autocuidado
É evidente que o número de academias de ginástica, musculação e de práticas esportivas não pára de crescer. Yoga, Pilates e Beach-Tênis também tem ficado bem mais populares e comuns em várias periferias do Estado de São Paulo, por exemplo.
A ética do cuidado de si é um conceito filosófico que se refere a um conjunto de regras que o sujeito estabelece para si mesmo, com o objetivo de promover um estilo de vida.
De acordo com Michel Foucault, o cuidado de si é uma forma de atividade que se caracteriza por ser complexa, objetiva, contínua e regulada. É uma ética que não se baseia no isolamento do sujeito do mundo, mas sim no retorno a si mesmo para depois agir.
O cuidado de si é uma forma de pensar em si mesmo e na própria capacidade de variação dentro de um campo subjetivo. É uma ética que implica uma ação para com o outro, diferenciando-se de um posicionamento egoísta ou narcisista, em teoria.
O cuidado de si pode ser um caminho para um cuidado que escape aos processos de dominação da vida, que podem produzir padecimentos tanto de quem cuida quanto de quem é cuidado.
A expressão "ética do cuidado" surgiu a partir das pesquisas de Carol Gilligan na década de 80.
Para mim, falar de autocuidado significa falar de tempo e recursos para cuidar de si, também.
Cada um deve cuidar-se como pode, o importante é tomarmos a iniciativa e sabermos o que é bom para nós. Alimentação, exercícios, tempo de tela, conversas e amizades também fazem parte da ética do cuidado de si, que chama-se 'ética' justamente porque existe um impacto no outro, no coletivo e social (suas escolhas à mesa, por exemplo, impactam toda uma cadeia de suprimentos, mercados, etc.).
Ao mesmo tempo que é tão difícil cuidar de si mesmo, em todo o sentido holístico que esse termo possa significar, nunca foi tão "fácil": temos muitas possibilidades de escolha, de tudo! Uma infinidade de locais para se exercitar, para se cuidar do lado espiritual (se gostar), temos alimentos à disposição a medida dos seu bolso e do seu tempo, e por aí vai...
Animemo-nos e cuidemos de si, colegas, porque, cada vez mais, essa tem se tornado mais uma das mecânicas do sistema e anda cada vez mais integrada a todo o motor do capital. O cuidado de si tem deixado de ser algo natural e tem passado a ser praticamente imposto, e esse cuidado muitas vezes é, na verdade, um descuidar de si, quando, por exemplo, você entra nessas paradas de alimentos processados que se vendem como saudáveis, religiões que só visam o contrário do que pregavam os profetas, esportes que só te lesam e pessoas que só extraem o pior de ti e te fazem ser quem você não é.
Que saibamos ter discernimento para saber o que podemos equilibrar e suportar, pois toda balança também tem seu esteio.
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