Erudito Vazio

Diplomas nas paredes, medalhas, títulos. Um perfil completamente bem preenchido no LinkedIn. Uma bela assinatura de e-mail, com o direito ao prefixo "Msc." antes do próprio nome.
No trabalho, apenas o cumprimento básico protocolar: presença nas reuniões e participação em eventos da empresa (principalmente aquele em que todos levantam as mãos e se abraçam).
A participação nos trabalhos sempre se dá nos bastidores, porque a própria pessoa, cheia de títulos, que deveria liderar muitas atividades, sempre faz de tudo para se "escorregar" do trabalho e ficar sossegado no seu canto, praticamente sem carga, e em uma posição de apenas "revisão" do que os outros farão, dado os seus títulos e reconhecimentos que alcançou. Para ele, ele já venceu, já cortou a fita da linha de chegada.
Você pode perguntar: Mas este profissional não alcançou com o seu mérito tudo isso? De que vale a méritocracia, então?
Penso que não somos pagos para ser senadores, revisores, ou acadêmicos dentro de nosso local de trabalho (exceto diretoria e cargos afins). Quem busca esse status e esse tipo de posição deve buscar fora do mundo corporativo, porque nele, o que paga a todos é o produto final, o que sai, e não apenas "os meios" para se atingir os fins. Devemos parar de justificar os meios com meios e pelos meios. Essa é uma das grandes diferenças entre os profissionais mais antigos para os mais novos: O novo veio, mas veio vaidoso com os seus títulos, e os antigos, pelo seu trabalho reconhecido.
Quando eu digo 'novo', na prática falo de profissionais de meia idade, até os 40 anos, que atingem cargos ao título de Sênior, que são modelos para os atuais estagiários. Os antigos ainda são os muitos aposentados profissionais, que as empresas têm aos montes e que diretamente acabam atrasando a nossa economia: ganham o seu salário (pagam impostos) e ganham a sua aposentadoria, ao passo que as companhias não podem ficar sem eles, com razão. Esses sim têm méritos 'práticos': não podem ficar sem eles.
Quanto as opiniões, vemos pseudo-intelectuais aos montes: pessoas que apesar de serem 'estudadas' e terem os seus títulos, têm menos função social do que muitos pedreiros, faxineiros e outros profissionais de atividades mais simples, menos técnicas, mas não menos importantes. Vejo engenheiros, administradores, gerentes, supervisores, e, o que mais me surpreende, advogados e psicólogos, repletos de senso comum, sem senso de crítica geral e menos ainda auto-crítica. Pouco científicos, sem critérios de avaliação moral e ética para, por exemplo, votar em uma eleição pública.
Não sei se esse é um problema mundial, mas no Brasil, é como "mato".
Concordo com o Senador Cristovam Buarque (esse sim um mestre e erudito), que prega a federalização da educação básica, pois esse parece ser o nosso maior problema: O brasileiro se preocupa demais com o ensino superior e muito pouco com a educação básica. Com isso, colocamos no mercado diversos "profissionais", que, quase analfabetos funcionais, entram em uma universidade particular, pagam uma fortuna de mensalidade, se formam e, praticamente sem saber fazer "um Ó com o copo", se acham superiores, e até "vencedores" diante dos outros que não alcançaram. Estes, muitas vezes querem ditar as coisas por terem se formado, pois pensam também que são pessoas superiores.
"Ammm", se na educação básica existe a famosa Progressão Continuada, nas universidades existe algo parecido, basta ter dinheiro. Assim muitos fazem a Pós-Graduação, inclusive.
Nos esquecemos que a vida é um processo, e não a chegada. E, quando se existe chegada, no Brasil também se consegue um jeitinho para cortar o caminho e "ser rei", sossegado. Assim como dizem que "em terra de cego, quem tem um olho é rei", podemos dizer que "em terra de 'equinos e suínos', papagaio é nobre e macaco é majestade", e assim a pirâmide se sustenta: Sempre têm alguém levando o outro, e para conseguir levar o outro, antes deve-se ser forte para conseguir levar a si mesmo também!


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