Alfândega - Florbela
Vulcões
Tudo é frio e gelado. O gume dum punhal
Não tem a lividez sinistra da montanha
Quando a noite a inunda dum manto sem igual
De neve branca e fria onde o luar se banha.
No entanto que fogo, que lavas, a montanha
Oculta no seu seio de lividez fatal!
Tudo é quente lá dentro…e que paixão tamanha
A fria neve envolve em seu vestido ideal!
No gelo da indiferença ocultam-se as paixões
Como no gelo frio do cume da montanha
Se oculta a lava quente do seio dos vulcões…
Assim quando eu te falo alegre, friamente,
Sem um tremor de voz, mal sabes tu que estranha
Paixão palpita e ruge em mim doida e fremente!
Florbela Espanca - A mensageira das violetas
Álbum lançado em 2004, com as melhores músicas da banda, incluindo 'Florbela' |
Baixei este álbum há aproximadamente dois anos, e comecei a ouví-lo recentemente, infelizmente.
Alfândega é uma banda nacional que ainda não teve muita repercussão no cenário do rock brasileiro. Suas letras são tão poéticas, que descobri que 'Florbela' na verdade foi uma fantástica escritora portuguesa.
O vocalista me parece técnico e também lírico. Lírico porque expressa intenso sentimento na voz, que tem um timbre peculiar. Não é preciso vibrato e altura para impressionar, nem um timbre raro.
Gosto de vocalistas que beiram o desafinar, e que as vezes desafinam, mas com tanto "poder", com tanto sentimento e confiança na sua mensagem que acaba ficando lindo.
Como exemplos de cantores que ficavam nesta linha tênue tivemos diversos, mas Renato Russo, Freddy Mercury e Elvis Presley estão entre os meus preferidos. Não estou comparando o vocalista do Alfândega a eles, mas o sentimento empregado em 'Florbela' por certo não fica atrás dos gigantes.
Ps.: A portuguesa recitando 'Vulcões' me deixa impressionado.
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