Desabafo Sobre Sindicatos

Desde os meus 14 anos que trabalho na indústria do ABCD Paulista. Já faz mais de 16 anos que convivo diariamente com pessoas ligadas a sindicatos e, depois de precisar do pessoal do sindicato por algumas vezes durante esses anos, gostaria de escrever sobre o meu sentimento quanto à atuação dos sindicatos nas empresas, e também gostaria de fazer uma comparação com o conceito de 'Union' que existe nos EUA, que, basicamente, é a forma que os sindicatos se organizam dentro das fábricas e outros ambientes produtivos por lá.
A primeira empresa em que trabalhei, ainda como aprendiz do SENAI e logo depois como Eletricista de Manutenção, foi uma empresa do ramo químico e plástico da cidade de Diadema. Empresa esta ligada ao Sindicato dos Químicos de Diadema. Durante os 6 anos que eu trabalhei nessa empresa, eu nunca vi a atuação do sindicato dentro da fábrica, de nenhuma forma, nem mesmo quando havia eleição para a CIPA. Cheguei a ver, por duas vezes, o pessoal do sindicato fazendo a entrega de panfletos em frente à fábrica, entregando panfletos sobre política, sempre para promover seu candidato. As condições de trabalho nunca eram discutidas. O sindicato não interferia nas demissões e a empresa seguia a lei nos limites, para economizar, sempre... e, assim, maximizar o seu lucro.
Hoje, em que trabalho em uma empresa Multinacional americana, montadora de veículos, percebo que o que ocorre é uma situação diferente, mas também triste: o sindicato intervêm até nas demissões, mas, sempre, politicamente.
Todos os movimentos que o sindicato faz dentro da montadora são políticos, é incrível. Lá você enxerga a razão política de uma instituição como um sindicato. Não existem critérios de justiça social assim como vi nas 'Unions': por aqui, o que manda é ser amigo de alguém que tenha poder no sindicato. Não precisa ser trabalhador, precisa ser influente com os "caras".
Escrevo este post porque cansei de presenciar diversas injustiças com pais de família trabalhadores e disciplinados para pessoas, com todo o perdão àqueles que eu possa ofender, botequeiros, puxadores de saco, pessoas pouquíssimo avessas ao trabalho e mal educadas, malandros, arruaceiros, pelegos, maloqueiros. Escrevo assim mesmo.
Sei que existem botequeiros trabalhadores e pelegos justos e ordeiros. Mas, quando todos os atributos que mencionei se juntam na mesma pessoa, só temos problemas. Pessoas que causam problemas sociais, que desequilibram a convivem e não nos trazem harmonia no ambiente que estão. E fiquei muito triste pelo fato do sindicato defender pessoas com caráter duvidoso em detrimento de trabalhadores dentre os diversos "facões" que presenciei.
Hoje, infelizmente, não trabalho mais em uma montadora. Presencio este tipo de situação muito pouco, mas, ainda existe.
Para o brasileiro não faltam boas instituições tampouco boas leis. Para nós, falta base moral. Sabe aquela educação bem básica e provinciana, de cada um cuidar do próprio chão e conseguir as coisas por honestidade e trabalho, um mérito honesto de não precisar explorar ninguém, nem se quer a amizade do outro para conseguir as coisas, conseguir algum progresso nas coisas? Falta-nos isso.
Minha mãe, uma baiana, morena e sem estudos formais, nos ensinou isso muito bem. Reflita a respeito da sua educação e dos seus próximos. Reflita a respeito da educação dos seus filhos, sobrinhos e próximos. Sindicatos são como os nossos políticos: por ser públicos, refletirão a moral do povo que os constitui. O problema é indêmico e a solução está em cada um.

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