Estante

Por quê não voltamos àquela inocência de outrora?

Por quê não deixamos tudo o que é processado?

Por quê não percebemos o que é processado?

Embalagem não é casca

Nem toda tela é arte

Quando você me perguntou se eu estava fingindo

Eu te disse que sim

Hoje, quando você me pergunta

Eu nego

Meu sangue plástico não é capaz de lubrificar o meu coração

Meu cérebro elástico já não opera sob tensão

A flexibilidade acabou

Eu garimpo ideias numa prateleira

Procuro frases feitas porque já não faço as minhas

As esperanças não estão guardadas

Nem escondidas

Foram tiradas do rosto na lâmina

Foram confundidas e caladas

Hoje, não são nem compreendidas

Foi tudo processado, oferecido e vendido

Mantido como souvenir

Assim, sob distanciamento

Achamos que somos alguém

Super-heróis

Pelo o que temos na estante

No coração?

Apenas plástico


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