Sobre a Honestidade
Quando eu tinha uns 8 anos, perguntei ao meu pai o que era ser honesto e ser humilde. Meu pai conversava muito com os outros, mas, muito pouco com os de casa. Fiquei sem uma resposta, ele se esquivou muito bem.
Ao longo da vida fui aprendendo na prática e na dor o que é, realmente, ser honesto. Hoje, posso dizer que honestidade é, deveras, muito relativa.
Ser honesto com os outros e não consigo mesmo? O que é, então, ser 'honesto'?
O dicionário do Google (hoje, deixemos de lado o Houaiss) diz o seguinte sobre a palavra honestidade:
honesto
adjetivo
que procede ou se enquadra rigorosamente dentro das regras de uma ética socialmente aceita.
“uma pessoa h.”2.
POR EXTENSÃO
que tem ou revela dignidade ou elevação de caráter; honrado, digno.
“uma alma h.”
Aquele que se enquadra dentro de uma ética socialmente aceita. Vejamos… você é honesto? Será que eu sou honesto?
Aquela ou aquele que possui "elevação de caráter". Mais uma vez, algo completamente relativo. O que é o caráter? O que é ter bom caráter? Mais uma vez doravante vemos um conceito moral, uma construção social.
Não sei se estudei Foucault demais… mas, estamos presos, presentemente e de fato, em redomas morais.
Minha esposa me perguntou se eu preferia ter conhecimento ou ter um bom caráter. Eu a respondi, maieutica e retoricamente, o que seria "ter um bom caráter"?
Ela me explicou de uma forma bíblica, cristã. Prisional.
Nietzsche respeitava muito os judeus e tem um de seus aforismos (que os nazistas suprimiram na época da guerra) em 'Além do Bem e do Mal', aforismo nº251 (versão em inglês) em que Nietzsche diz que são uma 'raça forte'. Mas, um outro texto que li e não me recordo se foi de Nietzsche ou se foi de algum de seus intérpretes diz algo interessante: "os judeus são tão fortes que não ligam nem para o preconceito. Estão além disso".
Na Alemanha Nazista, com certeza, ter um bom caráter significava não ser judeu. Tampouco Testemunha de Jeová, Muito menos negro. Também não aceitavam homossexuais, formalmente, é claro…
Hoje vivemos em um século de transição.
O que eu, particularmente, percebo hoje, é que cada vez mais os nossos desejos carnais estão sendo separados de nossos desejos, vontades e capacidades da vida negocial, financeira, capital.
O que quero dizer com isso?
Se alguém, seja homem ou seja mulher, olha para outras pessoas as admirando, até com certa lascívia, este homem não tem um bom caráter?
Se esta pessoa não suporta os grilhões de sua relação a dois, seja esta matrimonial, nubente ou em namoro, e, fica com outra pessoa, significa que esta pessoa não tem caráter?
Penso que este tipo de dano é inteiramente moral e precisamos superar isto como sociedade evoluída. Talvez seja o fim do casamento como comumente o conhecemos… mas, talvez seja o surgimento de algo ainda mais sólido, tranquilo, confiante e certo: uma relação onde o desejo da outra ou do outro seja considerado em seu mais alto nível. Não falo a respeito de poliamor e outras besteiras tais e quais são cheias de moral per se. Falo a respeito de Respeito. De ter o outro "no peito". De respeitar suas volições, seus impulsos e seus desejos. Claro que não podemos viver como animais, constantemente investigando os traseiros alheios. Mas, o mínimo que podemos fazer é entender.
Conversar com o parceiro sobre seus desejos e suas volições mais absurdas. Tê-las não faz de alguém mal-caráter.
Mal-caráter, com a minha humilde intromissão nesta explicação, é todo aquele que causa um dano que a proporção não é apenas moral.
Roubar não é algo apenas moral. Matar, também e obviamente, não é. Difamar, caluniar, injuriar, claro que não. Deixar faltar as coisas dentro de casa, deixar os filhos passarem fome, enquanto se bebe e se joga com o dinheiro, isso é completamente imoral. Desassistir àqueles que dependem de você. Isso é imoral.
O que prego, aqui, não é o relativismo moral ao qual Chomsky tanto abomina em Foucault. É uma nova "moral".
Precisamos abandonar a 'moral de escravo'. Nietzsche a chamava de "Slavenmoral". Ser "além do homem" não significa ter superpoderes. Significa ter uma nova moral.
O Direito Brasileiro já evoluiu bastante, eliminando de seu bojo diversas questões morais no Código Civil de 2002 e na Constituição Federal de 1988.
Outro ponto que elevo é que o Estado não deve se envolver em questões morais, do costume. O Estado deve conhecer bem a linha tênue que separa costume de crime, e julgar decentemente para punir aquele que tem culpa.
Ser honesto com tudo e menos consigo mesmo? Ser fiel com todos e não consigo mesmo? Não era sobre isso que falava "O Contrato Social". Seu autor, diga-se de passagem, tinha uma vida bem imoral. Ao passo que era tido como probo e honesto nas questões além de seus affairs.
A individualidade cresceu tanto nesses tempos modernos que começamos a entrar em conflito com regras morais que não nos cabem mais, e, são apenas geradoras de depressão, insatisfação e uma porção de crimes. O indivíduo deve ser livre, leal com a sociedade e fiel consigo mesmo.
Escrevo este texto com tamanha honestidade. Escrevo este texto com justiça, integridade e transparência. Sou honesto além do termo atual.
Mais amor é preciso.
Ao longo da vida fui aprendendo na prática e na dor o que é, realmente, ser honesto. Hoje, posso dizer que honestidade é, deveras, muito relativa.
Ser honesto com os outros e não consigo mesmo? O que é, então, ser 'honesto'?
O dicionário do Google (hoje, deixemos de lado o Houaiss) diz o seguinte sobre a palavra honestidade:
honesto
adjetivo
que procede ou se enquadra rigorosamente dentro das regras de uma ética socialmente aceita.
“uma pessoa h.”2.
POR EXTENSÃO
que tem ou revela dignidade ou elevação de caráter; honrado, digno.
“uma alma h.”
Aquele que se enquadra dentro de uma ética socialmente aceita. Vejamos… você é honesto? Será que eu sou honesto?
Aquela ou aquele que possui "elevação de caráter". Mais uma vez, algo completamente relativo. O que é o caráter? O que é ter bom caráter? Mais uma vez doravante vemos um conceito moral, uma construção social.
Não sei se estudei Foucault demais… mas, estamos presos, presentemente e de fato, em redomas morais.
Minha esposa me perguntou se eu preferia ter conhecimento ou ter um bom caráter. Eu a respondi, maieutica e retoricamente, o que seria "ter um bom caráter"?
Ela me explicou de uma forma bíblica, cristã. Prisional.
Nietzsche respeitava muito os judeus e tem um de seus aforismos (que os nazistas suprimiram na época da guerra) em 'Além do Bem e do Mal', aforismo nº251 (versão em inglês) em que Nietzsche diz que são uma 'raça forte'. Mas, um outro texto que li e não me recordo se foi de Nietzsche ou se foi de algum de seus intérpretes diz algo interessante: "os judeus são tão fortes que não ligam nem para o preconceito. Estão além disso".
Na Alemanha Nazista, com certeza, ter um bom caráter significava não ser judeu. Tampouco Testemunha de Jeová, Muito menos negro. Também não aceitavam homossexuais, formalmente, é claro…
Hoje vivemos em um século de transição.
O que eu, particularmente, percebo hoje, é que cada vez mais os nossos desejos carnais estão sendo separados de nossos desejos, vontades e capacidades da vida negocial, financeira, capital.
O que quero dizer com isso?
Se alguém, seja homem ou seja mulher, olha para outras pessoas as admirando, até com certa lascívia, este homem não tem um bom caráter?
Se esta pessoa não suporta os grilhões de sua relação a dois, seja esta matrimonial, nubente ou em namoro, e, fica com outra pessoa, significa que esta pessoa não tem caráter?
Penso que este tipo de dano é inteiramente moral e precisamos superar isto como sociedade evoluída. Talvez seja o fim do casamento como comumente o conhecemos… mas, talvez seja o surgimento de algo ainda mais sólido, tranquilo, confiante e certo: uma relação onde o desejo da outra ou do outro seja considerado em seu mais alto nível. Não falo a respeito de poliamor e outras besteiras tais e quais são cheias de moral per se. Falo a respeito de Respeito. De ter o outro "no peito". De respeitar suas volições, seus impulsos e seus desejos. Claro que não podemos viver como animais, constantemente investigando os traseiros alheios. Mas, o mínimo que podemos fazer é entender.
Conversar com o parceiro sobre seus desejos e suas volições mais absurdas. Tê-las não faz de alguém mal-caráter.
Mal-caráter, com a minha humilde intromissão nesta explicação, é todo aquele que causa um dano que a proporção não é apenas moral.
Roubar não é algo apenas moral. Matar, também e obviamente, não é. Difamar, caluniar, injuriar, claro que não. Deixar faltar as coisas dentro de casa, deixar os filhos passarem fome, enquanto se bebe e se joga com o dinheiro, isso é completamente imoral. Desassistir àqueles que dependem de você. Isso é imoral.
O que prego, aqui, não é o relativismo moral ao qual Chomsky tanto abomina em Foucault. É uma nova "moral".
Precisamos abandonar a 'moral de escravo'. Nietzsche a chamava de "Slavenmoral". Ser "além do homem" não significa ter superpoderes. Significa ter uma nova moral.
O Direito Brasileiro já evoluiu bastante, eliminando de seu bojo diversas questões morais no Código Civil de 2002 e na Constituição Federal de 1988.
Outro ponto que elevo é que o Estado não deve se envolver em questões morais, do costume. O Estado deve conhecer bem a linha tênue que separa costume de crime, e julgar decentemente para punir aquele que tem culpa.
Ser honesto com tudo e menos consigo mesmo? Ser fiel com todos e não consigo mesmo? Não era sobre isso que falava "O Contrato Social". Seu autor, diga-se de passagem, tinha uma vida bem imoral. Ao passo que era tido como probo e honesto nas questões além de seus affairs.
A individualidade cresceu tanto nesses tempos modernos que começamos a entrar em conflito com regras morais que não nos cabem mais, e, são apenas geradoras de depressão, insatisfação e uma porção de crimes. O indivíduo deve ser livre, leal com a sociedade e fiel consigo mesmo.
Escrevo este texto com tamanha honestidade. Escrevo este texto com justiça, integridade e transparência. Sou honesto além do termo atual.
Mais amor é preciso.
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