Nightcrawler

Filme que surpreendeu muito, e por conta disso, escreverei este breve texto a respeito deste filme.
As informações técnicas sobre o filme podem ser encontradas em:

http://www.imdb.com/title/tt2872718/
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-222858/

Este não é um filme que apenas mistura drama com suspense e aventura. Subliminarmente, "O Abutre" passa uma mensagem muito importante sobre a nossa mídia de massa, nossa "estrutura corporativa" e nossa sistema socioeconômico.
O nome em português dado para 'NightCrawler', 'O Abutre', foi muito bem pensado. O abutre chega apenas quando existe algo de morto no ar, quando a merda já está feita, ele se alimenta disso.
É o que o jovem Louis "Lou" Bloom (Jake Gyllenhaal) decide fazer, logo depois de perceber que seu negócio de "assaltos e roubos diversos" começa a não dar muito certo.
Depois de presenciar um grave acidente de carro, e ver como aquele fato foi televisionado, Lou tem um insight. Lou traça um caminho de aprendizado, e começa a entrar de cabeça neste ramo do jornalismo criminal independente.
O que é mais impressionante é que Lou, apesar de ser um ladrão, é um estudioso, autodidata, que aprende muita coisa interessante na internet, e aplica muito bem em seu "novo negócio".
Lou, sozinho, ao contratar seu primeiro "funcionário", aplica técnicas de entrevista de emprego similares àquelas que vemos nas empresas: tenta negociar para retirar o máximo de valia possível do interessado na vaga, fazendo com que consiga o máximo de trabalho pelo mínimo de custo, assim, maximizando o seu lucro.
Depois de conseguir entrar neste mercado e conseguir boas filmagens, Lou começar a aplicar suas técnicas de negociação com Nina Romina (Rene Russo), assim, conseguindo inverter o jogo, e fazer de Nina, praticamente, sua escrava. Nina depende das filmagens de Lou pois precisa manter o seu emprego como diretora do telejornal, e depois que Lou e Nina fizeram "parceria comercial", a audiência da emissora de Nina aumentou, a deixando, praticamente, refém do material de Lou.
Lou percebe isso, e explora o máximo que pode este lado. Assim, consegue, até mesmo, que Nina se renda sexualmente para ele, e que pague por suas filmagens o preço que Lou quer.
O que é mais interessante em tudo isso, é que Lou aprende muito bem a regra do negócio do jornalismo: quanto mais sangue e mais elitizadas forem as vítimas, maior a audiência. Lou percebe até mesmo o joguete que as emissoras fazer com a informação para confundir o povo, dividindo bem o tempo entre uma e outra notícia forte e sangrenta no meio de informações importantes, como o orçamento da cidade, a segurança pública, a política...
Lou consegue crescer tanto no negócio que percebe que precisa se expandir. Abre sua própria companhia de produção de conteúdo, "executa", literalmente, seu primeiro funcionário, e contrata estagiários (o filme faz alusão de que os estagiários não recebem nada, como mostrado na entrevista que faz com Rick no início). Sem contar que Lou tira de campo seu concorrente principal de forma muito bem planejada...
Lou parece um coiote com fome, e não pensa duas vezes antes de tirar quem precisa do seu caminho ou fazer de quem precisa seu escravo.
Gostei muito do filme e achei, até mesmo, ele todo uma crítica muito sutil ao nosso sistema capitalista, que tem como alicerce pessoas como Lou, que são capazes sim de assumir riscos e até mesmo são trabalhadoras, mas não existam em não deixar de pensar apenas e unicamente nelas mesmas quando têm oportunidade.
Excelente filme. Vale muito a pena ver, rola de tudo!
Você não verá outro filme em que a polícia é perseguida e não pode fazer nada por isso...

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