Só tem Champinha

01/03, Domingo, às 20:00, cheguei em frente a casa dos meus pais e vi o meu pai "conversando" com dois rapazes. Havia três garrafas fechadas de Whisky Johnny Walker sobre a pick-up Courier do meu pai, mais alguns energéticos. Quando cheguei mais perto deles para poder guardar a minha moto no corredor da casa dos meus pais, pude escultar a conversa: os rapazes queriam porque queriam comprar as tais bebidas fiado, e meu pai não queria vender de jeito nenhum.
Os jovens, que já pareciam maiores, insistiam. Queriam comprar uma garrafa por R$25,00. Parecia uma "ameaça" para o meu pai, que já não se importa com esse tipo de persuasão, passados mais de 30 anos como comerciante. A rua estava cheia, e eu tinha acabado de chegar. Os cumprimentei. Não serão os primeiros e nem os últimos a quererem dar um chapéu em uma birita. O que me impressionou foi a insistência: parecia que o Seu Fernando tinha a obrigação de vender o Whisky Johnny Walker a eles. Os vários não's não faziam diferença.
 "Se vocês querem coisa boa, vocês têm que ter dinheiro para bancar bicho! Vocês acham que eu ando de carro velho porque quero? Não, é porque não tenho dinheiro. Se quiser tem o Natu Nobilis por R$20,00."
Depois que o meu pai disse isso para eles, os rapazes saíram. Se fosse uma outra pessoa, teria "aberto as pernas", mas não, Fernando foi firme e não abriu mão de sua posição.
Penso que o comerciante deve ser "louco" para, em plena noite de domingo e em uma periferia violenta, comercializar qualquer coisa, ainda mais bebidas alcoólicas. Mas, a coragem é uma espécie de força que vêm da razão, e para alguns, é isso que os mantem vivos, por mais estranho que possa parecer. Penso também que o alvo deveria ser mudado para casos como os de meu pai, mas essa já é um questão psicológica que não discutirei neste post.
Enfim, os jovens saíram chutando o asfalto, nervosos. Não aceitaram ouvir não.
Aonde estamos? Como podemos viver em um lugar no qual as pessoas não conseguem ouvir um "não"? Em que as pessoas fazem de tudo para se livrarem dos problemas? Como podemos viver em uma dita sociedade em que as pessoas não avaliam as consequências de, absolutamente nada?
Sofremos da crise de Champinha: Temos um nível de compreensão tão baixo que não conseguimos entender nada que ultrapasse os nossos desejos: perdemos os freios.
Precisamos de educação. Brasil, pátria educadora? Não é o que mostram os números. Não mesmo!

Entenda o caso Champinha:
Assassinato de Liana Friedenbach e Felipe Caffé (para saber quem é Champinha): http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-56/questoes-juridico-psiquiatricas/os-que-morrem-os-que-vivem

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